Crise na saúde
Enfermarias vazias, de novo
Greve de trabalhadores da Santa Casa de Pelotas atinge em cheio os atendimentos
Paulo Rossi -
Colchões para cima, leitos desocupados e enfermarias totalmente vazias. A cena virou retrato do caos financeiro da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas. Nesta segunda-feira (11), não foi diferente. O primeiro dia de greve dos enfermeiros, dos técnicos de Radiologia e dos farmacêuticos ganhou mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), em Porto Alegre, durante a noite. A crise do hospital também se transformará em pauta do Conselho Municipal de Saúde, que se reúne nesta quinta-feira, às 19h, para analisar o descumprimento dos contratos firmados com o Poder Público.
Mas, mais do que converter em números todos os serviços que não têm sido cumpridos, a Secretaria de Saúde volta às atenções ao cidadão; aos atendimentos que ficam para trás, principalmente, após a greve de funcionários como os técnicos de Enfermagem, que paralisaram as atividades em 25 de fevereiro. "A nossa grande preocupação é com a assistência, que tem ficado prejudicada", afirma a secretária Ana Costa. E explica que a prefeitura tem conversado com outros prestadores de serviço para que, na medida do possível, acolham casos que deixam de ser absorvidos pela Santa Casa.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Luiz Guilherme Belletti, vai mais longe e assegura que parte dos atendimentos não realizados nos últimos tempos não têm relação apenas com a escassez de materiais e com a redução de trabalhadores de prontidão, devido aos movimentos de greve. "Alguns médicos também não estão cumprindo plantões", garante. "Há situações em que estão há 14 meses sem receber", reforça, mas prefere não revelar nomes.
Argumentos dos dois lados
Os trabalhadores têm longa lista de reivindicações. Os salários em dia são apenas uma delas. Férias atrasadas, pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e investimentos em condições de trabalho também integram as demandas. O pagamento de mais 20% dos salários de fevereiro, que atingiram metade do valor, não altera em nada o quadro. "Queremos a solução e transparência nos atos da direção do hospital", cobra a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Saúde de Pelotas (Sindisaúde), Bianca D´ Carla, que se preparava para participar da mediação com o TRT, por videoconferência, direto de Pelotas.
O provedor Lauro Ferreira de Melo confirma a liberação dos R$ 574 mil do Fundo de Apoio Financeiro e de Recuperação dos Hospitais Privados, Sem Fins Lucrativos e Hospitais Públicos (Funafir), obtidos através de empréstimo com o Banrisul. A defasagem histórica das tabelas do Sistema Único de Saúde (SUS) e os recorrentes atrasos no repasse de recursos do Governo do Estado despontam entre as queixas da Provedoria. Mais de R$ 1,4 milhão já deveriam ter sido pagos pelo Estado desde setembro de 2018, mas até agora nenhuma verba foi disponibilizada.
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